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sexta-feira, 25 de abril de 2014

de amores incertos vivi até o dia de hoje e é até cansativo constatar esse mesmo status, mas de amor incerto ainda me sinto vivendo. e é coisa engraçada isso aí, porque custei a acreditar nessa trapaça do destino, até injusto em me jogar de um canto pro outro, cambaleante em instabilidade. e só o fato de me sentir (des)equilibrista, já fazia/faz me sentir bêbado.... um descompasso todo essa minha desventura de não paradas. e quer saber? por hoje mesmo me encontro esvaindo e liberando essa inquietude desvairada de sair por aí catando os elementos no meio do caminho... tou assim agora: andando por aí, desarmado de pretensões, carregado de luzes e de uma vontade saudável por alegrias espontâneas, sem fazer muitos planos pra's paradas de meio-caminho. nesse esforço imenso vou tentando me desvencilhar do meu status bêbado/(des)equilibrista, já que é bem na esquina da vida que o vento vira caricia pra vida toda. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Não Me Adapto

não me adapto às silhuetas cardíacas
nem às linguetas pulmonares 
- que num sistema cardiopulmonar intrínseco -
ignora o arfar tropical das meninas carnavalescas 
e a aurora mitigada dos ermitões baianos

meu ponto é de não adaptação

não me quero nessa epopeia desvairada e desnorteada,
que ruma ao sem rumo do seachismo

não irei a festas noturnas com vestes black-chic para agradar os valentões anti-litorais

não me incluirei em mais uma movimentação abastada,
até que os abastados reconheçam certas vozes oprimidas ali presentes

não me identificarei com sistemas herméticos de coleta sanguínea,
até que a p-polidez humana desperte para a premente necessidade de educação

não me adapto a nem mais uma leva de cem-levas de corpos nus,
regulares,
regulados,
regrados,
retardos...

sábado, 31 de agosto de 2013

Tolos Anatômicos

Ainda ontem eu escrevia já cansado e visualizava as estruturas, todo voltado pra anatomia.  Mas em que corpo eu pensava? Em que condição morfológica eu me prendia? Talvez nem eu mesmo saiba. Tenho visto tanta gente ultimamente, e só tenho visto mesmo, viu? Por que me intriga a forma como as pessoas se relacionam, e é tão intrigante quando elas tendem a serem pensativas, meditabundas, como se estivessem planejando a próxima jogada, e então, estamos diante de jogadores, no jogo tolo dos trapaceados. E nunca nos conscientizamos que se ganharmos aqui, perderemos tudo logo ali na frente. Sempre inflamos nossos egos superficiais, com nossa mania de ser o melhor, o mais aparente, a peça anatômica do jogo. Mas quando acabamos decepcionados, desolados, desconsolados, aí somos o completo cadáver do jogo; é quando a sociedade trata logo de nos enterrar ou promover a panaceia do estudo de causas: enlouqueceu porque não comprava roupas da moda, está depressivo por que não vai ao shopping, é feio porque não tem um carro importado, e viramos, dessa forma, verdadeiros cadáveres sociais.
Costumam dizer que a vida é bruta. Indo muito além, creio que a vida é bruta e indigna. E nós, peças ambulantes e futuros cadáveres, contentamo-nos com as condições impostas. No fim, tudo isso aqui é tido como discurso engajado, voltamos a viver engraçados com os nossos companheiros-concorrentes, nesse jogo de tolos anatômicos.

sábado, 2 de junho de 2012

me dá um tempo pra dizer que ainda resta amor. e é amor bom, de mãe, de filho, do que digo e finjo dizer que digo. é que me resta mesmo, tenho vontade de tudo mais, até de ter mais um pouco de vontade. sobra-me verdades nas palavras não ditas, quero mais tempo para dizê-las. dessa vez tenho até a certeza mais que obsoleta, só falta o tempo de expô-las. é que há tempos eu tinha sido um fora de mim, uma incerteza na vida, uma receita estragada. e sempre quis me achar pronto, e sempre procurei por esse meu eu pronto. é que sempre me frustrei com a ausência daquele eu. mas continuava a procurar e procurando deixei de fazer o que poderia ser mais simples, mais humano, mais real... em tempo! Só que não. E ainda assim, resta-me ainda muito, dá-me um tempo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

...e ainda tenho forças. É só retomar todas as lembranças boas, vejo vidas nelas.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Está tudo tão nostálgico e incerto, como aquele antes, onde eu parava para pensar e parava, para pensar! E  às vezes é tão óbvio que estamos sendo tolos, insistindo nas folhas secas que não mais brilham de um amarelo-sol. E é claro, como a certeza mais cartesiana, de que as coisas continuarão a ser como são, como eram, como  tem de ser, mesmo. E fico eu, nessa minha insistência, esperando pelo que, nessas minhas suposições, poderia dar certo. Não vai! Já  é, já está, já  foi, era,  era de Era, de uma  Era incompleta. Mas então, aí reside a minha resistência, nessa incompletude, no que não se acertou. Poderia, ao menos, ter ficado bem claro que éramos vidas de cabeças-atoas, bem independentes. Mas há, meu desejo chorão é de que haja um resquício menos racional de... de carinho? E me dói mais ainda é que deixastes eu partir, como naquela canção,  do "You Sent Me Flying". E porquê? E pra quê? Se poderíamos ser uma única cabeça, ou até cabeças partidas, mas de um entendimento qualquer...

"How much more torture would you have put me through?..."

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Pra não dizer que não falei..."



É como se eu estivesse ao som daquela música engajada, encaminhando-me com a multidão na direção da luta, da liberdade, de "peito aberto", com gritos cada vez mais audíveis e se intensificando... E ao mesmo tempo, estou na mesma sala pouco iluminada, só luminária e minha velha xícara de café. Mas meu ímpeto é o mesmo, sinto-me rodeado por um multidão revolta, compartilhando o mesmo sentimento, dono de um mesmo ideal de luta por liberdade. E então, não estou livre? Talvez sim, talvez sim... sempre nessa incerteza. É que me incomoda o fato de a vida nunca ter me dado uma certeza. E permaneço eu, impetuoso, gritando ao vento que leva meu murmúrio alto... já não grito. Sempre estive aqui,  manterei minha luminária acesa. Em tempos de tensão, nuvens de orgulho pairam sobre nossa cabeça. É a racionalidade falando mais alto, é o som interior de que a revolta agora é minha. E só minha.