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domingo, 12 de dezembro de 2010

Questão de decisão

Às vezes as palavras são fracas que consigo prendê-las bem no fundo de algum cantinho dos meus medos. Consigo ainda emudecê-las, filtrá-las, selecioná-las. E as palavras, tontas, perdem-se nesse meu autoritarismo. Minto, omito, finjo que rio, invento singularidades só para não usar as verdadeiras palavras. Mas não chega a ser um mentir hediondo. Deveriam existir graus de mentira, acho que eu estaria no ponto daqueles que mentem por insegurança. Talvez eu nem minta, admito que omito, pergunto-me quais serão as consequências, imagino um caos depois que eu soltar essas tais palavras. Fico nessa linha tênue entre o fazer e o recear. Se faço me desestabilizo. Ou me estabilizo de um outro modo. Se receio, permaneço, com minha estabilidade que talvez seja até um instabilidade. Ainda continuo a pensar em possibilidades, eventualidades, e tantas outras posteridades. Sintomaticamente sou um fraco. Admito que me falta coragem. "Luta!", grita uma voz clara ao meu ouvido. É óbvio que é necessário ir à luta. Mas é necessário? Há outra voz que oferece equilíbrio, comodismo, permanência. Sei que a voz que me manda  lutar é mais forte, mas lutar como? Será que caberá exclusivamente a mim enfrentar barreiras, quebrar conceitos e demonstrar sentimentos?
São tantas as oportunidades, mas essa  minha força contrária, tirana, tão bem criada me impede de ir além. Extremamente racional eu me pergunto o que há nesse além. Além do que? Além pra que? Será um além- mar, com uma campina ensolarada envolta de árvores frutíferas que em toda essa calmaria permita um bem comum? Embora a voz, a voz do equilíbrio, insista em me dizer que há mesmice, há rejeição, há pesadelos sociais.
Sinceramente cansei dessa minha fraqueza desejada, alojada intrisicamente a esse meu comodismo aterrador. Não me guiarei mais por vozes externas, serei agora guiado por sentimentos que possam me oferecer felicidade. Um dia eu posso pagar caro por essa inativez, mas também eu posso agradecê-la. Não sei. Sei que não sei. Sei que será melhor eu passar a entender meus medos, a escolher os meus desejos, a acreditar nas aventuras. Há sim um horizonte. Há um além. Cada um idealiza o seu além. Pode ser bom, pode ser ruim. Pode ser doce, ou amargo. Pode ser uma mistura de sabores. Cada um com seu além. Sei ainda que permanecer é um estado para os acomodados. Sou cômodo. Estou cômodo. Serei o que não sei se será o melhor. Sei que passarei a acreditar nas mudanças, nos sonhos, num futuro incerto. Sei que loucos foram aqueles que com força souberam enfrentar seus medos. Apesar de cansado do meu comodismo eu posso sucumbir a seus benefícios. Tudo reside nessa incerteza. Tudo não depende de tudo, nem de todos. Pode depender de poucos, pode ter significado para poucos. Serão sempre bem decididas as escolhas acompanhadas de desejos iguais. 

S.C.

Um comentário:

  1. Sonhos me causam sentimentos diversos. Tem vezes que os amo, outras os odeio. Adorei o blog! Beeijos

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